sexta-feira, 8 de fevereiro de 2008

Bate papo pós-carnaval

Ei gente! Há quanto tempo, hein? Pois é, como eu estava em férias em janeiro e o ano só começa de fato depois do carnaval, estou estreando 2008 com um texto de Miguel do Rosário que analisa a onda pessimista que ainda assola o país. Troquei o título original "Bate papo pré-carnaval", para "pós carnaval" por motivos óbvios. Aliás, uma sugestão que já veio com o texto, enviado pelo grande amigo e colaborador Aníbal Júnior.
Espero que gostem.
Beijos...

"Uma sombra se espalha sobre a economia brasileira. Uma sombra de pessimismo forçado, desilusão tendenciosa e muito mau-caratismo. Acho incrível como setores da sociedade realmente torcem contra o país. Lembro do Jô Soares comentando com um entrevistado sobre a descoberta do mega-campo Tupi: "esse Lula tem uma sorte!". Como se a sorte não fosse do Brasil! E a febre amarela? Morreu em São Paulo outra pessoa vítima do sensacionalismo partidário. Era uma mulher com uma doença que lhe reduzia a capacidade imunológica, não viajaria para florestas e decidiu se vacinar devido ao pânico difundido pela mídia. Cada vez fica mais claro que o Ministério Público deveria acionar jornalistas e órgãos de imprensa que cometerem irresponsabilidade contra a saúde brasileira. Essa é a ética que eles tanto arrotam?

Lembram da crise do gás? Há tempos que a imprensa quer forçar uma crise do gás. Como se trata combustível sobre o qual o país ainda não tem autonomia e cuja demanda explodiu nos últimos anos, o gás tem uma balança de oferta e demanda bastante delicada. Primeiro, tivemos problemas com a Bolívia, que a imprensa queria ver invadida pelo Brasil. Miriam Leitão quase chegou a exigir que o Brasil patrocinasse um golpe de Estado contra Evo Morales. Conseguimos superar a crise com a Bolívia de maneira bastante construtiva e diplomática, atendendo os grandes interesses nacionais e latinos. Mesmo no auge das tensões, a Bolívia nunca deixou de fornecer gás para o Brasil.

Depois tivemos a queda do nível dos reservatórios, que obrigou o governo a desviar gás para as termoelétricas. A imprensa novamente voltou a carga, procurando exagerar uma crise que durou menos de 24 horas. O Roberto Jeferson tentou surfar na onda e dedicou seu programa eleitoral na tv para jogar os taxistas cariocas contra Lula. Miriam Leitão, principal senadora da oposição, produziu extensas catilinárias contra a política federal sobre o gás.
Pois bem. Hoje, veio a notícia. O gasoduto Espírito Santo - Rio de Janeiro entrou em funcionamento nesta quinta-feira 31 de janeiro de 2007. Com ele, o Rio receberá, a partir de hoje, mais 5,5 milhões de metros cúbicos de gás por dia, o que representa um acréscimo de mais de 50% à oferta atual do estado. Até o final do ano, o gasoduto irá ampliar sua oferta para até 20 milhões de metros cúbicos.

E o Rio achou um campo de gás gigante em alto mar, que deverá entrar em funcionamento em 3 ou 4 anos, a depender das dificuldades tecnológicas. O Tupi também tem gás.

Enfim, o Rio de Janeiro agora tem oferta abundante de gás e possui uma das maiores reservas de petróleo do mundo. O que me espanta é que, depois de tantos anos de incerteza sobre o gás, agora que finalmente a situação estabilizou-se, o jornal O Globo, que tanto destaque havia dado à crise, não desenvolva maiores argumentos sobre as possibilidades econômicas que se descortinam para o futuro do Rio de Janeiro diante dessa nova realidade. Uma boa matéria jornalística sobre este súbito e firme aumento da oferta de gás para o Rio de Janeiro poderia repercutir internacionalmente, ajudando inclusive a trazer novos investimentos para cá. Afinal, as empresas preferem se instalar em lugares que ofereçam segurança energética e a baixo custo.

Esse tipo de atitude me impressionou muito por ocasião da descoberta do mega-campo Tupi. A pobreza de informações e análises sobre a descoberta me intrigou em demasia. O Globo prefere dar mais destaque ao fato de um ministro ter pago uma tapioca de R$ 8 com um cartão de crédito corporativo do que o país ter descoberto a maior reserva de petróleo de sua história.Miriam Leitão, sempre ela, só cita a Petrobrás para falar mal, enquanto louva descaradamente a Vale do Rio Doce, cuja privatização ela foi uma das maiores defensoras. Como jornalista econômica, o mínimo que se esperaria de Leitão é que discorresse um pouco sobre as óbvias perspectivas econômicas que se abrem para o Brasil diante da descoberta de mega-reservas de petróleo e gás no pré-sal, cujo mérito é único e exclusivo da Petrobrás.

Tem mais. Quando anunciaram a descoberta do mega-campo Tupi, a imprensa não quis acreditar. Acusou exploração política. Que não era nada daquilo. Que o governo estava tentando abafar a crise do gás. Mas era o contrário. O governo estava sendo ultra-conservador, já que a descoberta do Tupi sinalizava (como vem se confirmando) a existência de petróleo em toda a área do pré-sal, que vai de Santa Catarina ao Espírito Santo.

A descoberta de Tupi não foi "sorte" de Lula. Foi sorte do Brasil, ora! Há poucas semanas, descobriram outro campo gigante na Bacia de Santos, batizado de Júpiter se não me engano. Esses dois campos renderão mais de dois bilhões de dólares para a caixa do Estado do Rio. O secretário de fazenda do estado já prometeu que o dinheiro será usado para investimentos na baixada fluminense.
Outro dia, o Globo publicou uma cartinha de leitor que dizia o seguinte: 'Deviam trocar PAC para Programa de Aceleração da Corrupção, porque o crescimento ninguém sabe ninguém viu'. Ora, esse cidadão, não tivesse sido vítima de lavagem cerebral midiática, estaria ciente de que o país cresceu 6% em 2007, a maior taxa de crescimento em mais de vinte anos, sendo que, quando o Brasil cresceu assim, há vinte anos, foi com inflação galopante, insuficiência energética e má distribuição de renda. E o Brasil cresceu com crise externa, com um cenário desfavorável lá fora. Assim como acontece este ano. Estados Unidos em crise, Brasil feliz. Lembra até a canção do Chico: 'por trás de um homem triste, há sempre uma mulher feliz / e atrás dessa mulher / mil homens sempre tão gentis'.

Por isso, imprensa e demais aves de mau agouro, para seu próprio bem, abandonem esse mau humor estúpido e anti-nacionalista, e mereçam o país que vocês têm!".

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